Prefeitura do Rio tem inscrições abertas para o serviço Família Acolhedora. Saiba como se cadastrar – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
Maravilha Manuel Sebastião, de 19 anos, entrou no serviço Família Acolhedora da Prefeitura do Rio aos 16. Órfã de mãe, ela deixou Luanda, a capital de Angola, onde nasceu, para escapar da violência doméstica, por parte de um tio, e da perseguição política da qual seu pai foi vítima e que o obrigou a ir embora do país. Sozinha no mundo, escolheu o Brasil para tentar a sorte. No Rio de Janeiro, teve seu destino selado pela Justiça: o acolhimento familiar. A partir daí, quando entrou para a rede de acolhidos da Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio (SMAS), veio a reviravolta em sua vida: ganhou um novo lar e um futuro para chamar de seu.
-A minha história com Família Acolhedora é de transformação. Recebi uma oportunidade. Aprendi a gostar de ler, estudei, ganhei uma profissão (é bombeira civil), fui para a faculdade (passou no Enem e hoje é aluna de Engenharia de Materiais na UFRJ). Minha vida é totalmente nova, sou feliz, tenho uma estrutura familiar – destaca a angolana, carioca de coração, que conseguiu trazer os dois irmãos mais novos para junto dela, na mesma família acolhedora em que vive.
A trajetória da menina Maravilha ilustra bem o que é o acolhimento familiar, celebrado com um Dia Mundial neste sábado, 31 de maio. Essa modalidade de acolhimento a crianças e adolescentes vítimas de violação de direitos – e afastados de suas famílias de origem por medida judicial – é recomendada como prioritária pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em relação ao outro tipo, o institucional (em abrigo). Para que o serviço cresça e ofereça novas perspectivas a mais pessoas com idades entre 0 e 18 anos, é preciso que mais gente se interesse em ser acolhedora e se cadastre como candidata.
– As inscrições para se tornar família acolhedora estão abertas. O cadastro é simples, e qualquer configuração de família é aceita, inclusive adultos solteiros. As famílias são livres para indicar sua disponibilidade ao acolhimento e podem prestar o serviço enquanto tiverem condições e interesse – explica a secretária municipal de Assistência Social, Martha Rocha.
Como fazer a inscrição
Para se inscrever, o primeiro passo é fazer o pré-cadastro, disponível no link: https://linktr.ee/facorj. Ou presencialmente, em uma das dez Coordenadorias de Assistência Social (CAS) do Rio, nos seguintes bairros: Centro, Laranjeiras, Engenho Novo, Ramos, Madureira, Irajá, Barra da Tijuca, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz (confira os endereços no site Carioca Digital: https://carioca.rio/servicos/como-ser-uma-familia-acolhedora/). Após o cadastramento, é só esperar pelo contato da SMAS, para as fases de avaliação e habilitação da família candidata a acolhedora.
Ao se tornar acolhedora, a família recebe acompanhamento por assistentes sociais e psicólogos, que atendem também os acolhidos e as famílias de origem. O acolhedor ganha também uma Bolsa Auxílio, que deve ser utilizada para os cuidados com a criança ou o adolescente acolhido. O valor mensal é de R$688 por criança ou adolescente e de R$1 mil por criança ou adolescente com necessidades especiais ou doença crônica. Atualmente, na cidade do Rio, segundo dados de março deste ano, há 114 famílias cadastradas: 64 delas acolhem 106 crianças e adolescentes.
Experiência transformadora
Alessandra Queiroz recomenda a experiência. A funcionária pública estadual, de 50 anos, é casada e tem um filho de dez anos. Hoje, a família acolhe uma bebezinha de 10 meses, vítima de negligência por parte da mãe biológica, dependente química. Esta é a terceira vivência dela no acolhimento. A primeira, em 2021, foi com um menino de 10 anos. A segunda foi também com uma bebê, adotada pouco tempo depois por outra família.
-A gente conseguiu uma rede de apoio de amigos, profissionais voluntários que hoje dizem ser dentistas, fisioterapeutas e pediatras acolhedores. Eles estão com a gente nessa viagem de acolher, que nada mais é do que alojar alguém dentro do coração. Por que não dar esse amor para quem não tem, para quem é desassistido e carente de afeto e proteção? – diz Alessandra.
Segundo ela, o acolhimento familiar é um exercício de amor com desapego. A generosidade do ato, destaca a servidora pública, está principalmente no caráter transitório da convivência: o amor é para sempre, mas quem acolhe sabe que está na vida daquela criança ou daquele adolescente por um tempo limitado, até que ele seja reinserido na sua família original ou encaminhado para adoção.
Ação pelo Dia Mundial do Acolhimento Familiar
Neste sábado (31/05), uma caminhada com piquenique na Quinta da Boa Vista reuniu acolhedores, acolhidos e profissionais da Secretaria Municipal de Assistência Social, em comemoração ao Dia Mundial do Acolhimento Familiar.